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Orientações para pacientes em uso de análogos de GLP-1 / GLP-1 + GIP

  • Foto do escritor: Dra Mari Monteiro
    Dra Mari Monteiro
  • 12 de out.
  • 4 min de leitura

O uso dessas medicações trouxe uma verdadeira revolução no tratamento da obesidade e da síndrome metabólica.Elas ajudam a controlar o apetite, reduzem a ingestão alimentar e melhoram parâmetros importantes como glicemia, insulina, colesterol e inflamação.Porém, para que o emagrecimento seja saudável e sustentável, alguns cuidados são fundamentais.

Essas orientações não substituem o acompanhamento individualizado com nutricionista e educador físico — mas servem como guia prático para otimizar os resultados e garantir que você perca gordura, não músculo.


1. Preserve sua massa magra: a importância do exercício de força

Durante o tratamento com análogos de GLP-1, parte da perda de peso pode incluir massa muscular — o que é algo que precisamos evitar.Manter o músculo é essencial para conservar o metabolismo ativo, a força, a postura e a saúde óssea.

Como fazer isso:

  • Priorize o exercício de força (musculação ou treino funcional) pelo menos 2 a 3 vezes por semana

  • Comece com cargas leves e vá progredindo gradualmente

  • Combine com atividades aeróbicas leves (como caminhada, bicicleta, natação) para saúde cardiovascular

  • O ideal é ter orientação de um educador físico para ajustar volume e intensidade de acordo com sua fase de tratamento

Evidência científica:Estudos como o SURPASS-3 (2023) mostraram que o uso de tirzepatida (GLP-1 + GIP) promove perda de gordura expressiva, mas pode haver redução de massa magra se o paciente não praticar exercícios regulares.Ensaios controlados e revisões recentes reforçam que o treino de resistência associado ao uso de GLP-1 preserva massa magra e melhora o metabolismo muscular (PubMed ID 40401903; Mozaffarian et al., JACC 2025).


2. Alimente-se com proteína em todas as refeições

Esses medicamentos reduzem o apetite — e, muitas vezes, o paciente “esquece de comer”.O problema é que isso pode resultar em baixa ingestão de proteína, aumentando o risco de perder músculo e de ter queda de energia ou imunidade.


Como fazer isso:

  • Garanta proteína em todas as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar)

  • Busque uma ingestão de cerca de 1,0 a 1,5 g de proteína por kg de peso corporal ao dia (ajustado conforme sua função renal e objetivos)

  • Dê preferência a fontes magras e variadas: ovos, carnes, peixes, frango, iogurte grego, queijos brancos (quando não há intolerância), leguminosas e, se necessário, shakes de proteína

  • Se tiver pouca fome, priorize a proteína primeiro no prato — ela deve ser o foco, antes que a saciedade “chegue”


Evidência científica:Pesquisas recentes mostram que a distribuição equilibrada da proteína ao longo do dia (20–30 g por refeição) estimula melhor a síntese muscular e melhora a saciedade.A ingestão proteica adequada também ajuda a modular hormônios intestinais como o próprio GLP-1 endógeno, reforçando o controle da fome (Frontiers in Endocrinology 2024; PMID 11723338).


3. Comece o dia com um café da manhã proteico

O café da manhã é o momento em que mais vale reforçar a proteína.Um desjejum equilibrado e proteico ajuda a prolongar a saciedade durante o dia, evita picos de fome no final da tarde e melhora o foco e disposição.

Sugestões:

  • Ovos mexidos ou omelete com vegetais e azeite

  • Iogurte grego natural (quando não houver intolerância) com frutas vermelhas e chia

  • Shake de proteína com aveia e canela

  • Tofu mexido com abacate e tomate

Evidência científica:Estudos observacionais mostram que pessoas que consomem café da manhã rico em proteína têm melhor controle glicêmico e menor ingestão calórica ao longo do dia, o que potencializa os efeitos dos agonistas de GLP-1 (Health OSU, 2024).


4. Faça refeições pequenas e mastigue bem

Essas medicações retardam o esvaziamento gástrico, o que ajuda na saciedade — mas também pode causar desconforto se o paciente comer demais de uma vez.

Dicas práticas:

  • Faça refeições menores e mais frequentes (4–6 por dia)

  • Evite ingerir líquidos junto com a refeição

  • Mastigue devagar e respeite o sinal de saciedade — pare antes de “ficar muito cheio(a)”

  • Prefira alimentos mais leves e bem cozidos nos dias em que sentir enjoo

Evidência científica:Publicações no JAMA Internal Medicine (2024) e Gastroenterology Advisor destacam que o fracionamento alimentar e o comer consciente reduzem efeitos gastrointestinais e aumentam a adesão ao tratamento.


5. Cuide da hidratação e dos micronutrientes

Com o apetite reduzido, é comum o paciente beber pouca água e ingerir menos vitaminas e minerais.Isso pode causar fadiga, queda de cabelo ou até cãibras musculares.

Como cuidar:

  • Beba água ao longo do dia, mesmo sem sede

  • Inclua frutas, vegetais e castanhas nas refeições

  • Verifique periodicamente seus níveis de vitamina D, B12, ferro, zinco, magnésio e cálcio — e ajuste com suplementação, se necessário

Evidência científica:Estudos recentes no American Journal of Clinical Nutrition (2025) destacam a importância de densidade nutricional alta em pacientes em uso de GLP-1, pois o volume alimentar tende a cair significativamente.


6. Construa hábitos duradouros

Essas medicações são uma ferramenta, não uma solução definitiva.O sucesso a longo prazo depende da construção de hábitos sólidos de alimentação, movimento e autocuidado.

Lembre-se:

  • O medicamento ajuda a começar o processo, mas o estilo de vida mantém o resultado

  • Mesmo que o uso seja interrompido futuramente, os bons hábitos preservam os ganhos

  • Inclua sono adequado, manejo do estresse e práticas que melhorem o bem-estar geral

Evidência científica:Estudos de seguimento (ACC Journal Scan, maio 2025) mostram que pacientes que combinam GLP-1 com mudanças comportamentais mantêm o peso perdido e têm melhor qualidade de vida.

 
 
 

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